A
comunicação sempre fez parte da vida do ser humano. Este, mesmo que de maneira inconsciente
se vê no emaranhado deste processo, muitas vezes complexo, porém extremamente
fascinante. Isso tudo porque comunicamo-nos por várias razões; seja para
satisfazer necessidades pessoais, ou por uma questão de sobrevivência, ou para
expressarmos ações socializando-as.
Baseado
no processo da comunicação e entendendo que a mesma nos traz a idéia de
comunidade e do processo pelo qual um indivíduo sucinta respostas no outro, temos
a mídia; um termo utilizado em comunicação que trata-se de forma genérica,
todos os meios de comunicação. Apesar de etimologicamente termos a Mídia como
meio ou veículo de comunicação, ou até mesmo usarmos este termo para falarmos
da comunicação em massa, o termo mídia é empregado em muitos casos com
conotação pejorativa, obviamente pelo legado de má influência política e
cultural evidenciado em muitas vezes por aqueles que julgam serem detentores
dos “poderes midiáticos”, seja a nível internacional, nacional ou regional.
É evidente que a mídia influencia opiniões pelos diversos meios de comunicação, nas quais os mais comuns são a televisão, rádio e Internet. Também é visível que não obstante a mídia ter este poder de persuasão, os mais comuns meios de comunicação, e aqui falaremos tão somente do rádio e da televisão, estão nas casas da grande maioria dos brasileiros. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a proporção das pessoas que procuram uma fonte de informação pode variar dependendo da escolaridade, exceto no caso da televisão. Em todas as faixas de escolaridade, a maioria dos brasileiros usam a TV para se informarem. Ainda segundo o IBGE no ano 2000 a televisão já existia em 90,3%, e o rádio, em 87, 8% dos domicílios brasileiros. Se nos primórdios da TV brasileira existiam apenas 100 aparelhos no país, quatro anos depois do seu lançamento, em 1954, este número passou para 120 mil unidades. Na década de 70, foram mais de 6 milhões de unidades. No ano de 2002, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD, o número de domicílios particulares que continham televisores chegava à seus 4.763.575 milhões. Uma pesquisa feita em 2005 nos revela que os bens de consumo duráveis mais presentes nos domicílios brasileiros está em um empate técnico entre os aparelhos de rádio e de televisão (respectivamente 87,4 e 87%). Em seguida, vêm geladeira ou freezer, presentes em 83% dos lares.
Diante
de tal realidade da mídia, fica claro o tão vasto campo midiático que está
diante dos nossos olhos e ações, e principalmente a disposição da igreja. Porém
a pergunta é: Será que a igreja tem explorado tamanho “mundo” para cumprir sua
missão primária na terra? A igreja tem buscado compreender e ao mesmo tempo ser
conhecedora destas possibilidades que o momento tecnológico vigente nos
proporciona, para que assim possa usar de todos os meios possíveis e disponíveis
para evidenciar sua maior responsabilidade enquanto aqui na terra que é pregar
o evangelho?
O
fato é que assim como os filhos de Issacar (I Crônicas 12:32) precisamos ser
conhecedores de nosso tempo. Mas o que percebemos é que a igreja tem se
limitado em usar meios, ou formas que na verdade não tem surtido o devido
efeito; ou o efeito que se espera se estivéssemos fazendo uso dos recursos que
a nós estão à disposição. Vemos muitos dizendo e erroneamente afirmando que a
igreja não precisa se valer de meios tecnológicos ou da mídia para ministração,
haja vista que sem estes a igreja chegou até o presente momento. Grande engano!
Quando olhamos as sagradas escrituras e também a história, podemos perceber o
povo de Deus se valendo dos meios tecnológicos da época para melhor servirem a
Deus. Podemos ver no passado uma igreja que se valeu das estradas romanas para anunciar
o evangelho, vemos uma igreja que se valeu dum recurso tecnológico chamado
imprensa, para propagar a Bíblia sagrada, artigos teológicos e outros, enfim,
usaram recursos tecnológicos vigentes como bons leitores de seu tempo para
assim cumprirem o papel da igreja como pregoeiros da verdade.
Olhando
para a trajetória da igreja brasileira e suas estratégias em recursos
evangelísticos, percebe-se uma igreja que também conseguira fazer a leitura de
seu tempo. Porém foram meios e estratégias que não obstante sua relevância,
ficaram para seu tempo. Não que seja proibido ou errado o uso de tais métodos
na contemporaneidade, mas vale o entendimento de que hoje temos outros recursos
ainda pouco explorados, que a igreja teima em não utilizar e quando o faz, o
utiliza sem o devido preparo. Vemos que já se foi a época das grandes cruzadas,
na qual era um dos meios mais eficazes para alcançar um grande público; foi-se
o tempo das pregações à um molde todo especial como foi o utilizado pelos
precursores do rádio evangélico no Brasil. Enfim, apesar de usarmos ainda tais
métodos nos dias atuais, estes em muitos casos tem soado como ineficazes ou inadequados,
ou não tem produzido o resultado que poder-se-ia produzir se utilizássemos os recursos
necessários e da forma necessária. Em muitos casos a igreja tem caminhado como
se puxasse uma carroça de rodas quadradas, na qual em seu interior a mesma
carrega muitas rodas redondas. O fato é que com rodas quadradas apesar do
grande esforço, também se anda, porém bom seria se retirássemos e usássemos as
rodas redondas que está ao nosso dispor para que nosso trabalho fosse muito
mais produtivo e relevante.
É
claro que precisamos também estar cientes que não basta termos os recursos ou o
desejo em utilizarmos, é preciso sabermos utilizar. Alguns dentro da igreja têm
percebido a importância dos meios de comunicação em massa, e no afã em fazer
uso dos mesmos tem se aventurado pelos “caminhos” televisivos e radiofônicos
sem nenhum tipo de preparo, conhecimentos técnicos, ou do real papel que estes
meios nos oferece. O grande diretor televisivo Valter Bonasio em seu livro
Televisão, manual de produção e direção disse: Penso que é tempo de a televisão
ser feita não só por instinto, e sim com conhecimento, talento e responsabilidade.
Sabendo que hoje a televisão e o rádio são os meios de comunicação em massa de
maior inserção social e que cada vez mais o acúmulo de horas passadas em frente
à tela é grande para todos os segmentos da população, nada mais sensato do que
a igreja primeiramente se interar sobre a importância destes recursos como
também se especializarem nesta área tecnológica para oferecer assim programas
de qualidade, evidenciando excelência no que se faz, o que deve ser uma
característica do povo de Deus.
Portanto
é de suma importância que a igreja entenda a necessidade de como pregoeiros do
reino, buscarmos através
de uma leitura contemporânea da mídia, sua definição, conceitos e suas
implicações, tratar sobre os fundamentos dos meios de comunicação de massa, refletindo
sobre a viabilidade destes recursos não só na prédica
evangélica, mas também na preparação de pessoas para trabalharem nesta área, compreendendo
a maneira que a informação se processa nesses meios e no conhecimento e uso de
técnicas televisivas, radiofônicas para que o recurso não somente seja usado,
mas que os resultados sejam satisfatórios e de glorificação à Deus. Esta visão de atualidade, mesmo que panorâmica precisa ser
percebida pelo povo de Deus para que tudo isso seja uma ferramenta na
integralidade da formação do(a) servo(a) de Deus como na pregação do evangelho
de Cristo Jesus; Levando ao crente a reflexão de que mais do que nunca aqueles
que se dispõe a galgar por estes caminhos, precisam se submeterem ao estudo
deste meio, para que não sejamos insensatos naquilo que propomos a fazer. Desta
forma, estaremos submetendo nossos atos de
evangelismo para a importância e aplicabilidade destes meios tecnológicos tão relevantes
para nosso contexto cristão no processo da comunicação.
Assim, com certeza a mídia pode e deve ser
Cristã!
Gilmar Caetano Tomáz